sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Posso chamá-lo de Alá?

ÁSIA CENTRAL - É uma questão delicada com que se deparam os cristãos da Ásia Central que não têm passado islâmico, na hora de comunicar sua fé aos vizinhos muçulmanos. Quando muitos cristãos naquela região do planeta escutam o nome “Alá”, eles o associam ao fundamentalismo e até ao terrorismo.

“Eu não gostava do nome Alá; eu tinha medo dele”, reconhece uma crente. “O nome para mim tem ligação como o Wahabismo [uma versão muito rígida do Islã praticada na Arábia Saudita].

Um pastor no Quirguistão chegou a confessar: “Eu ouvi meus irmãos indonésios chamarem Deus de Alá e me senti incomodado. Por que eu deveria usar algum dia esse nome? Não me sinto bem com isso. Para Deus nós usamos o nome Khudo. Por que eu mudaria?”

Ao mesmo tempo, os novos convertidos que vieram do islamismo ficam confusos quando líderes da igreja insistem que o Deus da Bíblia deve ser chamado por qualquer outro nome, menos Alá.

Quando os cristãos fazem refeições com muçulmanos, muitos admitem se sentirem embaraçados quando uma oração islâmica de ação de graças é feita após a refeição e seus vizinhos erguem as mãos em forma de concha. “Quando eu evangelizava muçulmanos, sempre tinha receio de dizer Amém após as refeições e de levantar as minhas mãos”, disse uma cristã leiga. “Por isso, eu nunca participava da refeição.”

Para ajudar a resolver este impasse, a Portas Abertas começou a organizar seminários em países da Ásia Central, há alguns anos, com o intuito de levar os crentes de todas as procedências a terem uma melhor compreensão do islã. Neste processo, os crentes fazem muitas perguntas, levantam muitas questões, tentando identificar as atitudes e o linguajar mais parecidos com Cristo, a fim de adotá-los na transmissão do evangelho aos muçulmanos.

Após um destes seminários, um pastor do Tadjiquistão comentou que considerou o seu conteúdo “estimulador do pensamento e libertador”. O pastor revelou: “Quando eu me converti a Isa Mesih [Jesus Cristo], a comunidade de fé em que eu estava não utilizava o nome Alá. Nós fomos ensinados que Alá é o deus dos muçulmanos, e que ele é em tudo oposto ao Deus da Bíblia – que não há nada em comum entre eles.”

O pastor prosseguiu: “Os mestres da congregação diziam que era melhor usar a palavra Khudo, porque não é um nome árabe e não causaria confusão. Como eu vinha de uma família muçulmana, eu me preocupava sobre como compartilhar minha fé com os muçulmanos. Eu usava a palavra Khudo, mas eles entendiam Alá. Então, eu tinha que explicar que Alá é um deus errado. Esta colocação levava a discussões e insultos, e eles não escutavam a minha mensagem.”

O seminário

Durante os cinco dias do seminário, os participantes lutaram com uma extensa lista de questões que exigiram discussões detalhadas, como por exemplo: "Quem é Alá", "qual a origem deste nome", "como os cristãos árabes chamavam Deus nos tempos anteriores ao aparecimento do islã", "o Alá do Alcorão é diferente do Deus do Antigo Testamento", etc.

Qual é o background histórico? Por que Maomé se dedicou apenas ao único Deus verdadeiro, Alá, e recusou todos os ídolos? O que teria acontecido se ele tivesse tido acesso a uma Bíblia árabe completa? Pela primeira vez, alguns se surpreenderam ao ouvirem os versículos da Bíblia árabe que usa a palavra Alá repetidas vezes.

Alguns chegaram ao seminário com antipatia considerável em relação à frase islâmica Allahu akbar, que literalmente quer dizer “Deus é maior”. Mas eles a enxergam sob um prisma diferente quando a lêem em Jó na Bíblia árabe que “Alá é maior que qualquer mortal”, ou em 2 Crônicas 2.5 que “Alá é maior que todos os outros deuses.” E também no Novo Testamento árabe, em 1 João 3.20, que declara: “Alá é maior que os nossos corações e Ele conhece tudo.”

As reações após o seminário são variadas. Alguns cristãos não se movem de suas posições originais e continuam a acreditar que Alá é um deus diferente, logo, os cristãos nunca deveriam utilizar este nome para o Deus da Bíblia. Mas, outros experimentaram não só uma mudança na sua percepção, como também na atitude – de mais entendimento, o que diminuiu seus temores e hostilidade.

Uma senhora que concluiu os trabalhos ressaltou: “Através do seminário, Deus mudou meu entendimento sobre o nome Alá. Eu percebo que isto me ajudará efetivamente a servir aos muçulmanos e a alcançá-los. Como prova disso, naquela mesma noite, eu compartilhei o evangelho com uma mulher muçulmana que esteve bem receptiva!”

Embora o Pastor Kyrgyz tenha admitido que ainda se sente um pouco desconfortável depois do seminário, ele processou toda a informação e começou a colocá-la em prática. Ele começou por aprender a tradução das frases religiosas mais usadas pelos muçulmanos de sua região.

“Quando eu comecei a usar a palavra Alá no evangelismo pessoal, eu percebi com meus próprios olhos a receptividade dos muçulmanos. A barreira que estava no meu coração e que nos separava desapareceu”, ele disse.

“Os muçulmanos se tornaram mais próximos de mim, mesmo que ainda não tivessem aceitado Isa como seu Salvador e Senhor. Os obstáculos diminuíram e agora eu vejo muita abertura e compreensão. Quando eu almoço com muçulmanos, eu agradeço a Isa após a refeição, e o faço da maneira tradicional deles”, continuou o pastor.

“Eles ficam positivamente admirados, quando descobrem que eu sou um pastor cristão! Estas relações têm nos aproximado, e eles começam a fazer perguntas sobre a vida espiritual.”

Tradução: Joel Macedo



Fonte: Portas Abertas
 









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